A Cielo vai fechar o capital?

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Esta é a pergunta de 1 milhão de dólares (ou muitos bilhões), e obviamente eu não sei a resposta!

Primeiramente quero esclarecer que os comentários aqui são apenas opiniões do blogueiro e não devem ser entendidas como recomendação de investimento, nem mesmo como objeto de análise da empresa sob o ponto de vista fundamentalista. Não possuo outras informações além das publicadas em canais oficiais ou na mídia especializada.

Seguindo com o tema da postagem (possível fechamento de capital da Cielo), estou escrevendo porque possuo uma parte significativa da minha carteira de ações nesta empresa (5%), conforme relatado aqui, e também porque o mercado vem começando a especular sobre esta possibilidade.

Isso começou quando na quinta-feira da semana passada (01/ago/2019), nos últimos minutos do pregão, as ações da Cielo subiram repentinamente (aprox. 15%) e o motivo seria um boato de que o Banco do Brasil estaria se preparando para vender sua parte na empresa ao Bradesco. A informação não se confirmou oficialmente (o contrário, pois a Cielo publicou nota informando que não tinha conhecimento do assunto), e o preço da ação vem caindo nos últimos 3 pregões, mas ainda permanece uns 7% acima do preço antes da disparada.

Veja abaixo o valor da ação CIEL3 nos últimos 30 dias:

Fonte: google.com


Independentemente do valor da ação, começo a pensar que do ponto de vista estratégico, a tese faz um pouco de sentido, considerando os 3 grandes envolvidos na história: Banco do Brasil, Bradesco e a própria empresa Cielo.

Do ponto de vista do Banco do Brasil, seu maior acionista é o Governo Federal e este já manifestou que deseja se desfazer de ativos (privatização de estatais, participação do BNDES em empresa, etc), o que poderia render alguns bilhões de reais para o governo fazer caixa e diminuir o tamanho do estado. A participação na Cielo pode fazer parte destes ativos, uma vez que o governo não é o controlador e do ponto de vista estratégico, não vejo necessidade do governo operar no mercado de meios de pagamento, uma vez que este vem ficando bastante concorrido.

Por outro lado, do ponto de vista da empresa, a Cielo está passando por um momento muito delicado, pois navegou em águas calmas e com vento à favor durante anos, desfrutando de margens aparentemente sólidas para um mercado com muitas barreiras a novos entrantes, até que mudanças na regulamentação associadas a possibilidades oferecidas por novas tecnologias digitais, fizeram uma reviravolta no mercado que estão forçando a empresa a encolher significativamente as margens e aumentar os investimentos/despesas, o que vem derrubando os lucros (e consequentemente o preço da ação, como pode ser visto no gráfico histórico abaixo, que mostra o preço da ação em patamares de 2009 a 2011).

Fonte: google.com


Como líder de mercado, a Cielo tem muita lenha margem para queimar ainda, mas me parece que esta briga por preços não tem como acabar bem para o acionista. A empresa precisa encontrar meios de agregar valor aos clientes para não ver suas margens exaurirem, além de estar exposta a competidores muito mais ágeis e famintos. De certa forma a empresa sofre com certa falta de agilidade própria das grandes empresas, sobretudo aquelas com acionistas tão conservadores, e foi pega de calça curta, mal preparada, quando o mercado mudou.

Veja abaixo o gráfico com os resultados trimestrais dos últimos 3 anos, e a queda substancial da receita e lucratividade de meados de 2018 pra cá:

Fonte: https://br.advfn.com/bolsa-de-valores/bovespa/cielo-CIEL3/balanco

Pensando portanto ponto de vista da empresa, poderia ser interessante um modelo de governança menos engessado que proporcionasse mais agilidade ao negócio. A desvantagem, caso o BB deixe de ser acionista, é perder o poder comercial de estar associado ao Banco do Brasil. Isso poderia, hipoteticamente, ser temporariamente resolvido através de algum contrato de parceria comercial de transição.

Finalmente, do ponto de vista do Bradesco, fazer uma oferta para fechar o capital, seria um movimento bastante parecido com o que o Itaú fez com a Redecard, desta forma o Bradesco poderia combinar o negócio de meios de pagamento de forma mais homogênea em suas ofertas para a própria base de clientes Bradesco (como faz Itaú + Rede e Santander + Getnet). Além disso, do ponto de vista de valor de mercado, mesmo que pagando um prêmio substancial (por exemplo uns 30% ou 40% sobre o valor da cotação da ação), isso daria uns R$ 10,00 por ação, o que poderia ser baixo considerando o potencial desta oferta combinada Bradesco + Cielo.

Todas estas informações me fazem pensar que realmente é possível considerar a possibilidade da OPA (Oferta Pública de Aquisição). Não podemos afirmar que é provável, pois envolve valores e interesses bastante significativos, mas por outro lado, é uma possibilidade que faz sentido quando olhado sobre a ótica dos pontos levantados acima.

E você, o que acha sobre a possibilidade de fechamento do capital da Cielo? Além disso, o que o investidor deve fazer? Vender, manter ou comprar?

Deixa seus comentários aqui abaixo. Quem sabe não voltamos daqui uns meses ou anos para ver o que aconteceu de fato.

Importante:
Este material tem propósito meramente informativo. Não consiste em recomendação financeira ou estratégica para investimentos. Para saber mais sobre as opções de investimento e receber recomendações, procure uma instituição financeira com profissionais habilitados.

6 comentários

  1. Ei, o relacionamento dos maiores acionistas com minoritários no Brasil em fechamentos de capital não possui um bom histórico.

    Para mim seria uma surpresa se a oferta fique acima de R$10,00.

    Eu comprei SMLS3 a 34 e pouco considerando que eles vão ofertar, na melhor hipótese, uns 40 e poucos, mas em 40,00 já vou vender (se chegar até lá).

    Cielo eu nunca tive, mas eu não esperaria muito p vender não...

    Abraços!

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    1. VL, realmente, como minoritários ficamos vulneráveis aos desejos dos controladores, daí a importância em se atentar a governança.

      Sobre os R$ 10,00, tenho minhas dúvidas, pois não acho que o BB entregaria o controle de forma muito fácil. Bom, talvez eu esteja otimista ...

      Não tenho como falar de SMLS3 pois não conheço a fundo.

      Estou bem em dúvida sobre o que fazer com a Cielo.

      Abraços

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  2. Essa questão de fechamento de capital é complicada. As vezes penso que de fato ocorrerá devido ao preço baixo das ações e por outro lado vejo o Bradesco como sócio majoritário em outras empresas listadas na B3, por exemplo: Odontoprev e Fleury. Então por que queimar $$$ na Cielo que está com lucro e margens decrescentes? Pode ser que o BB venda sua parte, pois o governo precisa fazer caixa, já o Bradesco não sei se faria essa aquisição.

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    1. Olá garota, seja bem-vinda!
      Pode ser que você tenha razão, mas como comentei no post, Itaú e Santander tem suas adquirentes "exclusivas", então a Cielo pode ter este atrativo para o Bradesco. O valor seria um dos motivos, pois teoricamente ficou barata.
      De certo mesmo é que não temos como saber o que vai acontecer, apenas pensar nas hipóteses e se posicionar baseado nas possibilidades.
      Abraços

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  3. Respostas
    1. grande comentário anônimo, vou deixar aqui registrado para que não se perca. Abraços

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