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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Investimentos Internacionais e os sinais vindos da Argentina

Desde o início do ano tenho aumentado meus aportes em investimentos no exterior, como já comentei em algumas postagens anteriores. Os motivos principais são, dentre outros, ter uma parte do meu capital alocado em moeda forte, dada a fragilidade de nossa economia, e manter uma parte o capital no exterior de modo a se proteger de uma eventual venezuelização deste país, com a possível volta da esquerda populista latino-americana ao poder.

Atualmente o montante alocado em investimentos em moeda forte, praticamente todo no exterior, é de cerca de 7,5% do meu capital investido, ainda um pouco longe dos 10% desejados. Aumentei muito os aportes e remessas para o exterior desde o início do ano, o que fez com que eu chegasse neste patamar, mas eu tinha uma expectativa que o dólar se mantivesse em torno de R$ 3,70 e R$ 3,80 até o final do ano para continuar com as remessas e chegar aos 10%. Com a recente disparada do dólar (beirando os R$ 4,00), decidi aguardar um pouco para definir o ritmo das remessas.

Veja abaixo como está a alocação:


A alocação é bem diversificada em fundos ETF de acumulação, cotados em USD, sediados na Irlanda e negociados na bolsa de Londres. Estabeleci um objetivo de ter 40% em renda fixa, através de Corporate Bonds, e os 60% restantes divididos em 5 ETFs de renda variável com perfis diversificados focados em mercados globais, emergentes, países desenvolvidos, etc (12% em cada ETF). Os aportes são feitos seguindo a metodologia de alocação de ativos que já utilizo para compras de ações no Brasil, portanto a(s) compra(s) do mês são feitas no ativo que está mais distante do objetivo. Neste momento, os aportes ainda representam um percentual grande sobre o valor investido, portanto as variações (rentabilidade) ainda não tem sido determinantes para deixar um fundo para trás, mas sim os próprios aportes que vão desequilibrando.

Voltando aos motivos para alocação em moeda forte, tenho a percepção que este faz cada vez mais sentido. Apesar do otimismo geral, vejo muita fragilidade na nossa economia de modo que quando EUA, Europa ou China espirram lá, nós ficamos resfriados aqui, visto a disparada do dólar nos últimos 10 dias devido a guerra comercial protagonizada por Trump e China. Existe muita gente prevendo que a próxima crise global está próxima, e neste contexto, nossa economia não passaria ilesa, como a famosa marolinha do Lula que não se acalmou até hoje.

Destaco também o meu ceticismo com relação ao destino do país com o governo atual (ultra-direita) em vigor. Até acredito que ações importantes vem sendo feitas no aspecto econômico, mas o presidente Bolsonaro é uma bomba-relógio que a qualquer momento pode colocar tudo a perder com uma mera (e destemperada) declaração de improviso recheada de viés ideológico. Sem falar que no aspecto de liderança e gestão, ele já mostrou que é um desastre.

Aí entra o risco de venezuelização que comento sempre, pois Jair Messias é resultado direto de um governo desastroso de esquerda e, sem dúvida, em um eventual governo desastroso de direita, irão reconduzir a esquerda ao poder. Olhemos com atenção, portanto, os sinais que vem de nossos queridos vizinhos argentinos, que elegeram há 4 anos um presidente que seria a salvação, mas que, dado o resultado das eleições primárias de ontem, agora parece reconduzir Cristina Kirchner ao caminho para a casa rosada novamente (como vice-presidenta [sic]), algo que seria impensável há 4 anos quando ela foi praticamente escorraçada de lá.

Busquemos na memória (a eventualmente em matérias jornalísticas) qual era o otimismo geral na Argentina e até nos países latino-americanos, quando Macri foi eleito, era um sinal claro que os tempos dos defensores do Foro de São Paulo estavam ficando para trás, mas ao que tudo indica o otimismo não passará de um sonho de uma noite de verão.

Quem garante que o mesmo não acontecerá aqui? Apesar do otimismo, minha percepção é de que estamos mais próximos disso do que parece. Neste ano de 2019, estamos vivendo um período em que a turma centro-direita não tem batido muito no governo, pois a agenda reformista é mais importante para o país (quem bater no presidente corre o risco de ser taxado de comunista [rs] e estar contra o Brasil, sem falar em balela de velha política), mas, sem dúvida, uma vez aprovada a reforma da previdência e eventualmente alguma outra que saia do papel, o presidente será alvo de ações mais contundentes, tanto da oposição como de políticos mais ao centro, o que deve trazer trará muita instabilidade nos próximos 3 anos para este país eternamente chamado de país do futuro.

Sem dúvida, para quem tem a possibilidade, manter recursos no exterior, em dólares, oferece uma boa alternativa aos riscos existentes em manter 100% do dinheiro alocado em países de alto risco. Apesar do desespero local, tenho certeza que argentinos que mantem dinheiro no exterior, hoje estão um pouco aliviados em notar que parte de seu patrimônio está preservada, apesar da desvalorização de 25% do Peso Argentino em um dia.

É claro que tudo pode acontecer de forma contrária ao que estou escrevendo, e só o tempo nos dirá, mas a nossa história mostra que a chance de instabilidade é maior do que de uma estabilidade prolongada... para se prevenir, somente a diversificação!

Importante:
Este material tem propósito meramente informativo. Não consiste em recomendação financeira ou estratégica para investimentos. Para saber mais sobre as opções de investimento e receber recomendações, procure uma instituição financeira com profissionais habilitados.

4 comentários:

  1. EI, você pensa em morar no exterior em curto prazo? Ou apenas se a coisa degringolar por aqui?

    Abraço!

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    1. Olá VL, sim, pretendo viver no exterior dentro de uns 3 ou 4 anos, mas por tempo limitado (de 1 a 3 anos). Sou cidadão Espanhol então o destino mais provável seria Espanha, Portugal ou Alemanha (que achei fantástica).
      Seria mais como uma experiência internacional, tanto para mim como para minha família.
      Isso se as coisas permanecerem calmas por aqui, se a coisa degringolar, posso antecipar o plano (ir antes), ou até mesmo permanecer por mais tempo). É um plano para o final de 2022, coincidentemente ano de eleição presidencial por aqui.

      Abraços

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  2. Olá Ei! A Alemanha, de fato, é! Morei lá por um ano e só então vi que estamos mesmo muito atrasados em quase tudo por aqui...

    Mas você acredita que a situação do Brasil pode vir a ser pior do que foi nos últimos 3-4 anos? Hoje eu tenho uma ideia de que nossa esquerda política (viável politicamente) suga muito, mas tem um mínimo de consciência para não deixar o vaso quebrar de vez, como ocorreu com nosso vizinho do norte.

    Mas se você pensa em viver lá por um tempo, você está corretíssimo em investir um pouco lá fora. Ter um patrimônio em moeda forte vai ajudar muito!

    Abraço!

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    1. VL, então você sabe o que estou falando sobre a Alemanha.
      Acho que a probabilidade de piorar as coisas por aqui nos próximos 3 ou 4 anos é baixa, mas sabe aquela máxima de que nada é tão ruim que não possa piorar? pois é, não podemos eliminar completamente a possibilidade.
      Mas concordo com você sobre a situação da esquerda.
      Abraços

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