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terça-feira, 15 de abril de 2014

Estudo Definitivo: Crescimento dos lucros é importante?

Vejo que a blogosfera anda agitada com discussões ásperas sobre estratégias de Valuation, Buy & Hold, Opções, Trade, etc. Bom, esta é a eterna discussão sobre estratégia, mas o fato é que se nem os grandes pensadores e estudiosos chegam a uma conclusão sobre o que é melhor, quem diria nós, meros minoritários mortais blogueiros pés descalços de um país de 3.o mundo.

Só nos resta então estudar, estudar e estudar, tentando sempre aprender alguma coisa com materiais e livros de estudo, assim como, e principalmente, com nossas próprias experiências no trato com o mercado.

Uma das coisas que sempre me intrigou foi não conseguir entender exatamente a mecânica da variação dos preços de uma ação ao longo do tempo. Não estou falando aqui das mudanças de curto e médio prazo, fruto de especulação do mercado, mas das mudanças de longo prazo. Algumas questões difíceis de entender eram: se uma empresa não cresce, como pode um investimento em ações desta empresa ser rentável. Por outro lado, porque uma empresa de crescimento lento pode ter maior variação na cotação (sempre pensando no  longo prazo) que uma empresa de crescimento rápido, ou vice-versa.

Em decorrência destas dúvidas, ao invés de simplesmente discutir pontos sobre como avaliar se uma empresa está barata ou cara, eu prefiro assumir que o valor de uma empresa é o que o mercado paga, em média, ao longo do tempo (longo prazo), pois em teoria, a cotação já precifica riscos que na maioria das vezes nós não temos como conhecer. Desta forma prefiro focar meus estudos em entender o funcionamento das empresas e consequentemente o que leva uma ação a se valorizar.

Neste aspecto, fiz um estudo básico, considerando a influência de 3 variáveis: 1) Crescimento dos Lucros, 2) P/L e 3) Payout.

O objetivo principal do estudo é tentar entender, de uma maneira bem simplista, qual é a lógica por trás da valorização das ações e das empresas. 

Para mim, estas 3 variáveis dizem muito sobre histórico e perspectivas futuras de uma empresa. Porém, obviamente, não podemos analisar somente estas 3 variáveis quando estamos analisando uma empresa, pois outros fatores como endividamento, estratégia, fatores macro-econômicos impactam diretamente estas 3 variáveis citadas.

Neste estudo, fiz uma análise hipotética com empresas alterando somente estas 3 variáveis acima, considerando que os outros fatores se mantenham estáveis ao longo do tempo, portanto desconsiderando influências externas e de curto prazo.

Por que estas 3 variáveis?

1) Crescimento dos Lucros: Todos sabem que numa visão simplista, empresa boa é aquela que dá lucros consistentes (ponto). Mas o que significa ter lucros consistentes? Bom, isso já um fator bem subjetivo. Alguns consideram que os lucros tem que crescer sempre, mas quanto? Bom, isso é o que eu vou considerar no estudo:

a) empresas que não crescem: 0% a.a.
b) empresas com crescimento lento: 6% a.a. (equivalente à inflação)
c) empresas com crescimento rápido: 12% a.a.

2) Indice Preço x Lucro (P/L): Muitos dizem que avaliam empresa pelo P/L para saber se está cara ou barata, mas mais importante que o P/L num determinado momento, é o P/L médio da empresa ao londo do tempo. Uma vez que o P/L é influenciado pelo preço e pelo lucro, se o preço subir ou o lucro cair, o P/L do momento  sobe, e vice versa, porém se as perspectivas da empresa permanecerem as mesmas, existe uma tendência no P/L em retornar para a média. Desta forma, o P/L médio ao longo do tempo é muito mais importante. Foram considerados 6 cenários de P/L:

a) P/L muito baixo: 5,9 (difícil encontrar empresas com lucros consistentes assim)
b) P/L muito baixo: 7,1 (difícil encontrar empresas com lucros consistentes assim)
c) P/L baixo: 11,8 (típico em empresas de crescimento moderado)
d) P/L baixo: 14 (típico em empresas de crescimento moderado)
e) P/L médio-alto: 21 (típico em empresas de crescimento)
f) P/L alto: 29 (típico em empresa com expectativa de crescimento muito rápido)

3) Payout Yield (PY): É o percentual dos lucros que é repassado aos acionistas em forma de proventos (dividendos e JSCP). Muitas pessoas dão importância ao Dividend Yield, que é o percentual de dividendos sobre a cotação, mas na verdade o DY é uma consequencia do PY e o P/L, o que significa dizer que se o PY é alto e o P/L é alto, o DY é baixo, já PY alto e P/L baixo, significa alto DY. Os 4 cenários adotados são de acordo com os tipos de crescimento das empresas:

a) PY = 100%: significa que todo o lucro é revertido ao acionista. Na prática significa que a empresa não faz nenhum reinvestimento de capital, portanto é esperado que empresas com estas características não cresçam mesmo (ou cresçam pouco muito pouco). Porém,  mesmo assim este cenário está sendo considerado para empresas com crescimento 0%.

b) PY = 90%: similar ao item a, este cenário é típico em empresas com crescimento bem lento. Tipicamente empresas do setor elétrico, que não tem muito para onde crescer e portanto não precisam investir muito, apenas para manter o crescimento vegetativo. PY 90% foi adotado para empresas de crescimento lento (6% a.a)

c) PY = 25%: Este é o mínimo exigido pela legislação (salvo disposição diferente no estatuto). Este PY é típico em empresas que buscam crescimento médio/forte e por isso acabam reinvestido boa parte dos seus lucros para crescimento da operação e buscando aumento dos lucros. O PY de 25% foi adotado para as empresas de crescimento rápido.

4) PY = 50%: Este cenário foi adotado para representar empresas que apresentam crescimento rápido e alto payout. É difícil encontrar empresas assim, mas temos exemplos de Cielo e Ambev.

Como o estudo foi conduzido?

Preparei uma planilha com colunas para valores anuais como cotação, lucros, lucro por ação (LPA), dividendo por ação (DPA). Uma vez que é pago o dividendo, é descontado do preço da ação e os dividendos são reinvestidos na compra de novas ações. No ano seguinte, com nova apuração de lucros, a empresa tende a voltar para o mesmo P/L, e assim por diante. Veja um exemplo abaixo:

clique na imagem para ampliar

Neste exemplo a empresa apresenta um crescimento lento do lucro líquido (6% = inflação), Payout = 90% e P/L médio de 21. Foi considerado um período de 3 anos em que, para cada ano, uma linha representa a situação com os indicadores da empresa antes do pagamento dos dividendos e a outra linha com os mesmos indicadores após o pagamento de proventos, portanto descontando do valor da cotação.

Repare que a cotação cresce de um ano para outro na proporção dos lucros de maneira que após o pagamento dos dividendos o P/L se mantenha igual ao ano anterior.

Resultados:
Abaixo apresento a tabela com os resultados encontrados:


Agora veja a simulação baseada em dados reais de empresas como Ambev, Cielo e Souza Cruz (estes dados não representam a variação da cotação, mas o uso dos dados da empresa para cálculo de uma estimativa):



Seguindos estas simulações, mantendo-se as variáveis fixas, para um período de 10 anos, a rentabilidade ficaria a seguinte:

- Ambev: entre 1100% e 1280%
- Cielo: entre 390% e 485%
- Souza Cruz: entre 221% e 347%

Isso explica o porquê de algumas empresas terem resultados tão fabulosos nos últimos anos. Sendo que neste estudo está sendo considerado o P/L fixo, portanto, se considerarmos que a Souza Cruz, por exemplo, saiu de um P/L em torno de 7 em 2001 para mais de 25 nos últimos anos, fica mais fácil ainda entender porque a cotação variou quase 2000% no período.

Conclusão

Ficou evidente que as variáveis usadas na simulação do estudo são se suma importância para a rentabilidade de um investimento em uma determinada ação ao longo do tempo, o que não quer dizer que apenas um dos fatores seja determinante, mas a combinação deles, juntamente com fatores externos que não fizeram parte do estudo.

Repare que o estudo se baseia em valores médios ao longo do tempo, desta maneira, muitas vezes os P/L destas empresas estiveram acima e/ou abaixo da média. Além disso, foi demostrado que muitas vezes a variação do P/L não tem tanta influencia se considerarmos cenários reais para o mercado (empresas de dividendos/baixo crescimento tem P/L baixo-médio e empresas de crescimento tem P/L alto).

Principais evidências:

- É possível ter boa rentabilidade com empresas que não crescem ou de crescimento lento, porém é fundamental que estas empresas tenham uma política agressiva de rentabilidade ao acionista. Vimos também que o P/L influencia de maneira significativa a variação da cotação. Isso explica porque empresas de dividendos tem tipicamente P/L entre 10 e 15.

- A rentabilidade com empresas de crescimento rápido é menos influenciada pelo P/L. Isso explica porque é tão difícil encontrar empresas de crescimento com P/L baixo. Por outro lado reforça a afirmação que o preço não importa muito nestas empresas, pois na média a rentabilidade será alta em empresas com este perfil.


- Para empresas de crescimento rápido, mais importante do que o P/L, deve-se ficar atento à política de dividendos, pois empresa de crescimento rápido com Payout Yield acima do mínimo (25%) terá automaticamente rentabilidade muito superior. Isso explica novamente porque é tão difícil encontrar empresas deste perfil com P/L baixo.

Espero que tenham gostado do estudo. Caso tenham alguma dúvida, encontrem alguma inconsistência ou queiram discutir, por favor deixe uma mensagem nos comentários abaixo.

Atenção:
Este estudo não indica compra de ações com qualquer característica. Os exemplos citados visam somente contribuir para o estudo. Lembre-se que rentabilidade passada não representa qualquer garantia de rentabilidade futura

Importante:
Este material tem propósito meramente informativo. Não consiste em recomendação financeira ou estratégica para investimentos. Para saber mais sobre as opções de investimento e receber recomendações, procure uma instituição financeira com profissionais habilitados.

27 comentários:

  1. Dica 1: Utilize como fator de análise para as que cresceram muito, médio ou pouco o PIB. Afinal, ele está diretamente ligado ao crescimento nas empresas brasileiras.

    Sobre o P/L, como disse na minha estratégia de verificação de boas empresas, ele é de suma importância para verificar se está cara ou não comparada com a média do setor.

    "Por outro lado reforça a afirmação que o preço não importa muito nestas empresas, pois na média a rentabilidade será alta em empresas com este perfil."
    O preço sempre irá importar, a questão é que nestas empresas, você está pagando caro por um ativo, devido a ele lhe trazer uma rentabilidade maior no longo prazo.
    Dê uma analisada no crescimento do lucro das empresas de crescimento e faça uma média do quanto cresceu, verá que o tempo estimado para recuperação do valor investido (lê-se, quando a empresa der lucros iguais ao valor investido pelo acionista) é sempre na casa dos 10~15. :)

    Uta!

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    1. Estag,

      Obrigado pela visita e comentários.

      Não acho muito relevante comparar o crescimento com o PIB, mas sim entender o crescimento dado o cenário do PIB. Empresas de crescimento rápido sempre vão crescer de maneira rápida (ou mais rápida) que as de crescimento lento, em qualquer cenário de PIB. Já comparar com a inflação eu acho relevante, pois imagine uma empresa que não fez nada para melhorar durante o ano, apenas vender a mesma quantidade de produtos com preços reajustados pela inflação. Como os custos também tendem a ser reajustados pela inflação (ex. salários), o lucro vai crescer a inflação em situação normal (pense numa elétrica que não investiu nada).

      Com respeito ao P/L, como eu mostrei no estudo, não sei o quanto é interessante comparar apenas com empresas do mesmo setor, pois as empresas precisam apresentar outros indicadores semelhantes para o P/L ter maior relevância. Por exemplo se em 2 empresas em um mesmo setor uma cresce mais rápido que a outra, é razoável que o P/L dela seja maior, ou então se as 2 apresentam o mesmo crescimento e uma tem payout significativamente maior, também é razoável P/L maior.

      A resposta aos seu 3.o parágrafo está linkado com o que eu disse no parágrafo anterior. Normalmente o P/L, na média, vai estar linkado com as caracteristicas da empresa, a menos que a empresa apresente um risco que não aparece nos balanços (Eternit, por exemplo tem P/L mais baixo, pois tem o risco do amianto, Banco do Brasil, tem P/L mais baixo que os outros bancos, pelo risco governo, e assim por diante). No fundo, o que vale é o P/L médio da empresa no longo prazo. Isso é o determinante para a rentabilidade no longuíssimo prazo.

      Valeu, abraços!

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  2. nao acho DY importante:

    http://primeirobilhao.blogspot.com.br/2013/02/investir-com-base-no-dy-e-eficaz.html

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    1. PB,
      Eu também não acho DY importante e acho que não falei isso no texto. Como você demonstrou no estudo que publicou, nem sempre as empresas com melhor DY vão apresentar melhor rentabilidade. Outros fatores são cruciais, dentre eles crescimento dos lucros associado ao payout. muitas vezes o DY é distorcido apenas por um lucro muito alto no ano que não convenceu o mercado ou por cotação muito baixa por outros riscos.
      Penso que fundamentais são as 3 variáveis que citei. Crescimento, P/L e PY.
      Abraços e obrigado pela visita!

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  3. E.I., primeiramente parabéns pelo trabalho, deve ter consumido horas preciosas da sua vida, mas sei que o fez com prazer.

    Gostaria de saber se as conclusões do artigo irão alterar seu método de aporte ou irão reforçar a eficácia do mesmo.

    Gostaria de saber também se os estudos do artigo poderiam definir qual melhor o tipo de papel (empresas de crescimento x empresas de dividendos). Qual a melhor para aportar se o investidor está procurando uma maior rentabilidade?

    E por último gostaria de saber se a natureza de um setor em específico está relacionada à rentabilidade da ação. No seu estudo foram escolhidas empresas de consumo não cíclico. Empresas estas que eu considero serem excelentes para a estratégia do aporte periódico que não leva em consideração o preço. Mas como se comportaria uma empresa de um setor cíclico? Tipo uma Gerdau da vida?

    Eu penso que DY é importante para quem quer viver de renda, para quem já tem um bom patrimônio (acima dos 3M) e até já parou de aportar.

    Para quem esta começando acho que tanto faz, crescimento ou dividendos, desde que os dividendos sejam reinvestidos.

    Sobre o múltiplo P/L acho irrelevante, para mim não diz nada. Os múltiplos que realmente devem ser analisados são ROE, margens, crescimento de dívidas e crescimento de lucros.

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    1. Uó, obrigado pelas palavras. Consumiu um certo tempo, mas considerando que eu estava estudando, o retorno será muito maior.

      As conclusões não irão alterar em nada o método de aporte, pois o método está em ficar na média, e todo o estudo foi considerando valores médios ao longo do tempo, principalmente P/L.

      Não dá pra dizer qual o melhor tipo de empresa, mas eu sempre achei que empresas de crescimento tinham rentabilidade maior que as empresas de dividendos (alto PY), porém pelo estudo vejo que isso era um preconceito da minha parte e que ambas tem tendência a resultados semelhantes, sendo que empresas de crescimento são investimentos mais agressivos (maior risco) e empresas de dividendos mais conservadoras (menor risco).

      Com relação ao setor, usei exemplos de consumo não cíclico, pois são as que tipicamente apresentam constância nas variáveis estudadas. Já para empresas cíclicas, penso que o estudo deve apresentar resultados semelhantes, mas o problema é que nestas empresas as variáveis não ficam constantes. Existe um exemplo no livro do Jeremy Siegel comparando investimento desde a década de 50 na IBM e numa empresa petrolífera (não lembro o nome) e que pelos resultados constantes de crescimento, era de se imaginar que a IBM tivesse dado um retorno muito maior (maior taxa de crescimento), mas na verdade a petrolifera teve um resultado muito melhor em 40-50 anos. Isso mostra o poder dos dividendos.

      Com respeito ao DY, eu pensava assim também, mas depois de ler o livro "Stocks for the long run" (Jeremy Siegel), percebi que não é bem assim, e isso depende de outros fatores, pois dividendos são ótimos para serem reinvestidos e para crescimento da bola de neve, principalmente em bear markets.

      Este múltiplos ROE, dividas e margem são muito mais importantes mesmo para analisar a empresa e entender o quão competitiva ela é no mercado, portanto podem mostrar previsibilidade de lucros e resultados. A questão com o P/L foi justamente para mostrar que em muitas situações ele é irrelevante. Veja no exemplo que coloquei no post, empresas de crescimento rápido, o P/L em 14 ou em 29 não tem tanta diferença assim nos resultados.

      Bom, post longo, comentário longo e resposta longa, mas acho que assim contribuímos mutuamente para o aprendizado.

      Vou fazer um post sobre isso, mas é fundamental que você leia o livro do Prof. J. Siegel (que citei acima), simplesmente está mudando minha forma de pensar os investimentos no longo prazo.

      Abraços!

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    2. Apesar de cansativo vale a pena a leitura do livro do Siegel. Ele contém muitas informações e números relevantes, pena que o mercado americano é bem diferente do nosso em muitos aspectos.

      Acho que existe um mito do pessoal que gente nova tem que automaticamente em investir em empresas de crescimento. Eu particularmente não compartilho dessa visão, desde que haja o reinvestimento dos dividendos quando se escolhe empresas mais "maduras".

      Acho o ROE um indicador fundamental para a avaliação das empresas, mas nunca descarto o P/L. Nunca compro pelo P/L, mas o P/L pode me fazer desistir de comprar.. (não sei se foi claro aqui rs).

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    3. Valeu E.I., mas já não compro mais livros de investimento, só psicologia agora. rs

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  4. Ótimo post, ótima resposta.
    Abraço

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  5. Boa postagem, EI.
    Eu utilizo uma fórmula que tem três das variáveis que você mencionou na postagem.

    (Crescimento dos lucros + DY) / (P/L)

    Menos que 1 é ruim e maior que 1 é bom. 2 pra cima é ótimo. Claro, não me baseio apenas neste número, pois investimos em empresas, não em números. Mas esta fórmula é bem simples e legal. Peguei no livro de Peter Lynch.
    Abraços

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    1. AdP, obrigado pela visita e comentários.

      Estive afastado do blog por uns tempos por questões profissionais, portanto me desculpe a demora na resposta.

      Que bom que gostou do post. Interessante esta fórmula do P Lynch. EU não conhecia, mas fiquei feliz em descobrir que as conclusões que cheguei com meus estudos tem relação com esta fórmula. Apesar de ele usar o DY (o PY acaba estando na fórmula de alguma maneira). Se montar uma tabela com esta fórmula e comparar com os resultados da minha tabela acima, penso que os quadrantes serão semelhantes.

      Quando eu tiver mais tempo vou fazer umas comparações.

      Abraços

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  6. Olá, EI,

    o movimento dos preços segue os fundamentos, igual vc colocou no estudo. Mas tb é fortemente afetado pela taxa de juros livre.

    O custo de oportunidade muda tudo. Se, por ex, daqui a 1 ano os juros pularem pra 20%aa, vai ter muitaaaaaaaaaaaaaaaaaa gente saindo da Bolsa....

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    1. dimarcinho,

      Você está certo no raciocínio, mas o estudo se baseia justamente em ignorar variações de cotação de curto ou médio prazo, e focar apenas nos resultados da empresa.

      A mudança da taxa de juros livre pode impactar alguns fatores:

      1. Migrar investidores da renda variável para renda fixa: Isso é desconsiderado pelo estudo, pois seria um movimento mais de curto do que de longo prazo, pois os investidores podem sair e voltar e o preço seguir seu "caminho" se o crescimento dos lucros se mantiverem.

      2. Taxa de juros livre subir devido ao aquecimento da economia com objetivo de conter a inflação (ação comum em países desenvolvidos). Neste caso não dá pra saber exatamente o que vai acontecer, pois se e economia está aquecida, é provável que os lucros também cresçam, o que levaria a um aumento da cotação para manter o mesmo P/L.

      3. Taxa de juros livre subir com objetivo de conter a inflação, mesmo com a economia em desaceleração (mais uma jabuticaba): Neste caso, além dos investidores possivelmente saírem da bolsa, é provável que o lucro das empresas caia, portanto menor crescimento dos lucros impacta a cotação segundo o estudo.

      Portanto, como eu disse, isso não pode ser verificado no estudo justamente porque foi assumida a premissa que as variaveis, principalmente o P/L, se manteriam constantes.

      Abraços!

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    2. Fala, EI,

      eu entendi o que você fez. A questão é que estou colocando é que os resultados da empresa sozinhos não fazem milagres. As variáveis exógenas também afetam, entendeu? Tipo, num ambiente com taxa de juros livre em torno de 20%, não vai ser tão difícil encontrar papéis pagando DY de 20% também. Vão haver vários. E isso é indiferente aos fundamentos da empresa, sacou?

      Vc no começo falou que sempre quis entender a relação entre o movimento dos preços em relação ao lucro no longo prazo. É fato que se o lucro vai aumentando, as cotações. Mas isso apenas num ambiente com taxa livre fixa. Se a mesma disparar mais rápido que os próprios lucros, é provável que, mesmo com o lucro aumentando, as cotações caiam dentro do mesmo prazo.

      Novamente: custo de oportunidade.

      []s!

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    3. A tendência é a taxa de juros CAIR e não subir. Juros baixos = país desenvolvido. O Brasil pode demorar, mas um dia vai chegar nesse nível.

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    4. IL, neste caso eu acho que, apesar de ser a tendência, isso não conta muito, pois não podemos prever o futuro. Se realmente nosso país caminhar para a estabilidade de um país desenvolvido, é provável que taxas de juros subam em situações de crescimento econômico e inflação, portanto isso (crescimento econômico e inflação) compensaria o aumento dos juros. Mas o problema é como saber se isso vai acontecer.

      dimarcinho, entendo que é o custo de oportunidade, mas ainda assim, para mim, é uma análise de curto prazo. No longo prazo (20-30 anos), entendo que diferentes ciclos econômicos compensam uns aos outros ao longo do tempo.

      Abraços

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    5. Cara, vc não entendeu ainda o que eu quis dizer. Vc está fazendo uma assunção de que "os ciclos econômicos compensam uns aos outros ao longo do tempo". Um pouco forçado isso, não acha?

      Cara, exemplo bem básico: uma empresa lucrando atualmente $10 e que ao longo do tempo aumentasse seus lucros a uma taxa 5%aa, hoje poderia estar em torno de 10/(0,11-0,05) este 11% é a SELIC. Ou seja, ela estaria em torno de $167

      No entanto, em janeiro do ano passado a taxa estava em 7,25%. E o lucro desta mesma empresa deveria ser 20% menor, ou seja, 8,33

      Assim a empresa deveria estar valendo, na época, em torno de 8,33/(0,0725-0,05) = $370

      Mesmo com os lucros crescendo, a empresa teria perdido valor. Este é EXATAMENTE o mesmo movimento dos títulos de renda fixa.

      IL,

      a questão aqui não é tentar adivinhar o que vai ocorrer. A questão é tentar entender o movimento.

      Particularmente, com esta porcaria atual de governo não enxergo horizonte juros baixos nem tão cedo. Mas isso é uma OPINIÃO minha.

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    6. dimarcinho,

      Eu juro que estou me esforçando para entender, mas realmente acho que não estou conseguindo. Talvez por isso eu ainda ache que estamos falando de coisas diferentes (eu de longo prazo, médias e variáveis fixas -- P/L, PY e crescimento dos lucros -- e você das variações de menor prazo e os impactos nestas variáveis).

      Até por isso você está falando em cotação x valor da empresa e eu estou falando de como a cotação "deveria" acompanhar o crescimento ao longo do tempo mantendo-se estas variáveis.

      O ponto dos ciclos econômicos, pode ser forçado, mas é uma maneira de explicar porque, ao longo do tempo, os resultados mantem-se constantes independentemente do que aconteceu durante o período (inflação alta, baixa, altas taxas de juros, baixas, guerras, crises, etc). Veja os primeiros capítulos do livro "Stocks for the long run" do Jeremy Siegel que vai entender o que estou falando.

      Fiquei com uma dúvida com seu exemplo, pois você diz que os lucros crescem a uma taxa de 5% a.a., mas aí você diz que no ano passado o lucro era 20% menor. Se cresce 5% a.a. não deveria ser cerca de 5% menor?

      Como eu falei anteriormente, atenta-se que no meu estudo eu estou mantendo as variáveis P/L, crescimento e PY constantes, e não considero a variação da cotação por fatores externos, ok?

      Abraços

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    7. Rapaz, eu ia fazer o exemplo com 20%, mas depois mudei pra 5% e esqueci de refazer as contas todas. Falha minha.

      Mas não muda o raciocínio. Teríamos, então, 9,52/(0,0725-0,05) = $423.

      E o que estou falando é atemporal. Não é curto prazo.

      E, mais uma vez, vc está falando apenas das variáveis da empresa e não está levando em consideração os fatores exógenos.

      Já li o livro do Siegel. Mas pense você montando uma aposentadoria. Vc iria retirar seu capital em outubro de 2008. Um capital que, pode ter levado a vida inteira para acumular, digamos uns 3 milhões, de repente virou 1,5milhões....

      O momento é importantíssimo para o investidor individual. O estudo do Siegel trata de médias e longuíííííííííííssimo prazo; ninguém tem 200 anos para investir.... rs

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    8. Oi dimarcinho,

      Realmente o mercado tende a pagar menos com uma taxa de juros, mas isso é do ponto de vista de valuation, por outro lado vemos que empresas como UGPA3, CIEL3 e ABEV3 não foram tão afetadas di ano passado pra cá, apesar de a formula de valuation dizer o contrário.

      De qualquer forma, estamos ainda falando em mudança no P/L, portanto é ignorado pelo estudo.

      Acho que o livro do Siegel mostra exemplos muito mais realistas do ponto de vista de prazo que somente o horizonte de 200 anos. Existem inúmeras avaliações em cenários econômicos diversos para prazos muti inferiores 10, 20 ou 30 anos que demonstram o comportamento do mercado acionário (tudo bem que é o americano).

      Valeu!

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    9. Dimarcinho, só mais um ponto. Eu concordo que o momento é importantíssimo, mas não entendi por que motivo eu tiraria o capital da bolsa em 2008.

      Veja que se o objetivo é renda, com um DY média na carteira de 4% a.a seria possivel ter uma retirada via dividendos de 120.000, poortanto não haveria necessidade de desfazer posicões.

      Se o objetivo ainda não é viver de renda, a crise proporciona um momento bem interessante, pois a menos que a lucratividade das empresas tenha caido pela metade, que aparentemente não aconteceu, com o mercado em baixa forte em 2008, automaticamente o DY médio da carteira subiu, portanto ao reinvestir os dividendos, voce teve a oportunidade de comprar mais acoes (estou falando apenas em reinvestimento e nem estou falando em aporte). Desta forma a retabilidade de uma carteira de ações quando o mercado volta para a "normalidade" tende a ser equivalente. Por isso acho que no longuissimo prazo, 20-30 anos não há motivo para se preocupar com estes fatores.

      Abraços

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  7. Os exemplos da recuperação das bolsa do Japão e da bolsa da Alemanha no pós guerra que o Siegel ilustra nos primeiros capítulos é fantástica. Dá pra perceber ao menos nestes casos particulares, que mesmo com um mega evento como a segunda guerra mundial, não foi capaz de no longo prazo derrubar a rentabilidade.

    Sobre a cotação acompanhar o crescimento dos lucros não há o que contestar, pois o mercado não é bobo, maiores lucros com cotação estática = maior DY, logo se a cotação permanecesse inalterada no longo prazo, o DY iria ficar estratosférico.

    Bom Artigo EI.

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  8. E.I, parabéns pelo estudo. O estudo deixa claro o óbvio ideal: Comprar empresa que cresce consistentemente, com o menor P/L possível. Mas isso é possível? Talvez. Mais fácil em cenários de crise.

    De qualquer forma devemos lembrar que não é porquê a empresa cresceu seus lucros rapidamente nos últimos 10 anos que continuará crescendo no mesmo ritmo nos próximos 10, ela pode sequer crescer os lucros nos próximos 10, e aí quem comprou com o p/l alto esperando crescimento acelerado, se decepcionou e terá de se contentar com um Yield de 2% a.a. Isso é muito comum no mercado.

    Ademais, se olharmos para o exemplo da Ambev, fazem 3 anos que o lucro dela praticamente não cresce, hoje o P/L está negociado a 23, ou seja, o P/L precifica um crescimento acelerado e ela não está entregando. Resultado? Cotações estagnadas ou em queda. A Ambev até não cai muito por ser um papel defensivo, mas perceba que este ano com tudo em alta, ela está no zero a zero, e ainda com um DY muito baixo, gerando um retorno pífio. Se ela vai voltar a crescer? Acho provável, mas dúvido muito que seja no mesmo ritmo dos últimos 10-15 anos, a não ser que ela logo acabe valendo quase o PIB brasileiro.

    Outro exemplo é a Natura, negociava a 60 reais, com P/L perto de 30, os investidores compravam expectativas de crescimentos de 25% a.a que não se cumpriu, a empresa viu seus lucros cairem, resultado? Quedas fortes na cotação e queda nos dividendos...Quem comprou esperando esse crescimento se deu mal.

    Então há de se considerar tudo isso antes de investir em growth. De preferência, sempre procurar o menor P/L possível junto com algum crescimento.

    Abçs

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    1. LoD,
      Obrigado pela visita e cordial comentário.

      Este estudo para mim foi um marco pois passei a entender melhor a mecanica da coisa. Sempre volto aqui para consultar as tabelas e resultados.

      O objetivo não era incentivar ninguém a comprar com P/L alto ou baixo, até porque um P/L alto hoje, na mesma cotação, pode ser uma P/L baixo amanhã, basta os lucros subirem ou cairem de uma hora pra outra. Honestamente não sou adepto de olhar o P/L para decisão de compra. Olhar o P/L histórico já pode ser algo que diga alguma coisa, desde que ponderado pela evolução dos lucros. No longo prazo, prefiro avaliar evolução dos lucros e payout yield para entender o tipo de empresa que estou investindo.

      Sobre Ambev, acho irrelevante avaliar a performance da ação e dos lucros nos ultimos 3 anos, pois além de ser uma periodo muito curto, é uma fase de crise impactando a empresa. Os lucros podem dar uma estilingada de 30 ou 40% no proximo ano e se isso se mostrar consistente (voltar ao ritmo de crescimento anterior), dá pra imaginar o que acontece com com a cotação. Esse negócio que a Ambev vai ficar maior que o PIB é uma analise muito superficial sobre as possibilidades. A empresa pode se dividir, comprar mais operações no exterior ou simplesmente decidir parar o crescimento e aumentar a remuneração do acionista.

      No caso da Natura o caso é mais delicado, principalmente porque o mercado precificava crescimento e alto payout. Com a crise as duas coisas foram fortemente impactadas. Resta saber como ela saira da crise macroeconômica e do seu modelo de negócios, mas nada impede que se mostre uma boa tese de investimento num periodo mais longo, tipo 15 ou 20 anos. Algo que só saberemos no futuro.

      Abraços

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    2. Olá EI, de fato foi muito bom seu estudo, vai clarear as coisas para muita gente. Também concordo que o ideal é olhar o P/L histórico, o P/L atual por si só não acho muito relevante.

      Sobre a Ambev, é possível que ela cresça 30 ou 40% no próximo ano, sim, mas de novo, ACHO improvável, e mais improvável ainda que ela mantenha esse crescimento. Não vejo mais muitos triggers de crescimento alto para a Ambev, visto que ela já é uma gigante, consolidada no mercado, já tem fatia relevante no market share (inclusive andava perdendo market share). O que pode e deve continuar ocorrendo daqui em diante é a empresa continuar com seus reajustes de preços, talvez acima da inflação em período economico melhor e tentando reduzir o ritmo de aumento de despesas, pra dar folga pra uma maior margem ebitda e consequente lucro. Mas é aquela coisa, estamos apenas tentando prever o imprevisível, claro que o histórico dela nos dá a sugestão de que é possível continuar crescendo forte, mas eu acho improvável. Vamos ver o desenrolar...

      Particularmente tenho preferido ações que tenham apresentado um crescimento moderado nos últimos 10-15 anos e que negociem com P/L baixo e uma média de P/L baixa, também com um P/FCF razoável.

      Pretendo voltar a ter Ambev, mas só quando os múltiplos e os números da empresa melhorarem, o problema é que pode ser too late...

      Abraços!

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