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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Raio-X 2016


2016, o ano que parecia que não iria terminar, finalmente terminou e eu fico feliz em estar aqui mais uma vez fazendo uma avaliação da minha situação financeira. Para elaborar esta postagem eu recorri ao post Raio-X 2015 e Planos 2016. Foi muito bacana reler aquela postagem e tentar lembrar o que passava na minha cabeça na época que escrevi (acredito que uma das melhores funções do blog é o histórico e a possibilidade de recorrermos às postagens e aos comentários antigos). Na postagem de fevereiro de 2016, por exemplo, estávamos tratando de uma bolsa de valores em queda e um país sem muitas perpectivas. Em alguns comentários falavamos sobre a possibilidade (ainda remota, à época) de impeachment do governo do PT. É, parece que muita coisa aconteceu em 2016, mas por outro lado o ano passou muito, mas muito, rápido. 


Como já citei algumas vezes, minha carteira de investimentos é composta por Renda fixa e Renda Variável, além de um pouco de moeda estrangeira (US$), porém no Blog eu controlo a rentabilidade (e fechamentos mensais) somente da carteira de renda variável. Neste post vou falar um pouco mais sobre meu patrimônio total.

Patrimônio

Meu patrimonio permaneceu composto pelos mesmos itens em 2016, pois não houve alterações em imóveis, automóveis e negócios. Apenas a parte denominada capital teve alteração, em função de rentabilidade e dos aportes que são frutos da renda de nossa atividade profissional (minha esposa e eu). Abaixo os itens que compõe o patrimônio:

1) 4 Imóveis (1 para morar e 3 salas comerciais)
2) 2 Automóveis
3) Negócios (sócio em 2 estabelecimentos comerciais onde atuo somente como investidor)
4) Capital (RF, RV e US$)
5) Saldo de FGTS

De acordo com meu balanço patrimonial, veja a evolução do crescimento patrimonial.

Crescimento do Patrimônio Total*:

- 2016: +19,0%
- 2015: 
+17,2%
- 2014: 
+18,2%
- 2013: +16,9%

*São desconsideradas variações de valor de mercado de imóveis, automóveis e negócios, e os valores usados para comparação são sempre os valores de aquisição.

Mais uma vez em 2016 foi possível observar um crescimento considerável do patrimônio, superior ainda aos anos anteriores. Considerando que o patrimônio já tem um valor alto para os padrões brasileiros, fica cada vez mais difícil manter esta taxa de crescimento. Acredito que 2 fatores contribuiram para este crescimento expressivo: 1) a alta rentabilidade, tanto da Renda Fixa como da Renda Variável (ações) e 2) a manutenção da renda profissional nos padrões anteriores.

Especificamente sobre a renda ativa em 2016 (fruto do meu trabalho e de minha esposa), esta foi um praticamente a mesma de 2015, compensando apenas a inflação do período, portanto sem ganhos reais significativos.

A renda passiva, foi relativamente baixa, pois, apesar do crescimento da renda passiva proveniente das ações (descrita no post Proventos 2016 – Uma vitória no mercado de ações), a sala disponível para aluguel permaneceu desocupada durante todo o ano. A boa notícia é que conseguimos alugá-la agora em janeiro de 2017 e devemos receber o primeiro aluguel em março (a título de curiosidade, alugamos por metade do valor que estávamos propondo inicialmente, mesmo tendo feito melhorias básicas como colocação de piso, forro e infra de ar-condicionado). As outras 2 salas seguem em uso pela minha esposa que não conseguiu transferir suas atividades profissionais completamente para a nova sala. Como a sala mais antiga tem um baixo valor de mercado e aluguel, não compensava fazer a transferência completamente e perder clientes em um ano de crise. Este é um problema que devemos resolver no começo do segundo semestre deste ano, caso existam interessados no aluguel da sala antiga.

O padrão de vida mantido pela minha família segue alto, o que me incomoda por um lado, pois vejo dificuldade em diminuir o padrão, mas por outro, sinto que a manutenção deste padrão de vida é sustentável considerando a renda do casal atualmente (ainda sobra um trocado), portanto nos permitimos manter as crianças no melhor colégio do bairro, algumas viagens, bom apartamento com empregada, bons restaurantes e bons vinhos. Algumas vezes me pego pensando qual seria o esforço para diminuir o padrão de vida, seja em função de entrar em modo “semi-aposentadoria” ou caso haja queda na renda. Acredito que com algum esforço e abrindo mão de supérfluos (diminuíndo o padrão de vida) poderia diminuir meus custos em uns 30% em caso de necessidade.

Distribuição atual do patrimônio ao Final de 2016:

- Imóveis: 41,0%
(48,6% em 2015)
- Capital: 42,8%
(32,7% em 2015)
- Outras categorias (inclui automóveis, negócios e FGTS): 16,2%
(18,7% em 2015)

Como pode ser observado, houve novamente crescimento expressivo do capital (investimentos) relativamente ao patrimônio em geral, uma vez que não houve alterações nos outros tipos de ativos (imóveis, automóveis e negócios) e a renda tem sido alocada prioritariamente em capital (aportes e reinvestimentos de proventos).

Capital

Distribuição RV x RF x Moeda Estrangeira (US$):
- Renda Variável: 33,8%
(37,5% em 2015)
- Renda Fixa: 62,5%
(57,5% em 2015)
- Moeda Estrangeira (US$): 3,7%
(5% em 2015)

Crescimento do capital: +55,5%
(+53,7% em 2015)

Duas observações importantes: A primeira é o crescimento expressivo do capital (mais de 55% de um ano para outro), em linha com o crescimento apresentado no ano anterior, fruto de gordos aportes e pela rentabilidade da carteira de ações. A outra observação é que os aportes foram prioritariamente alocados em Renda Fixa. Tenho um valor médio estipulado para aporte em RV e o restante da renda disponível vai para a RF, desta forma esta categoria ficou ainda maior que as demais.

Investimentos em Renda Variável (que são os investimentos da carteira divulgada neste blog)

Crescimento do capital RV: +38,9%
(+11,1% em 2015)
Rentabilidade RV: +16,55% (Ibovespa +38,82%)

A carteira de RV em 31 de dezembro de 2016 era a seguinte:



Desde o começo de 2014 eu mantenho uma mesma estratégia de alocação em ativos de longo prazo, com poucas modificações na carteira (não houve alteração em 2016). Acredito que a estratégia é consistente e tem respondido dentro do esperado. É muito importante tentar abstrair o momento de pessimismo ou otimismo do mercado para não se deixar influenciar na tomada de decisão que deveria ser exclusivamente baseada nas características e resultados das empresas. Cito como exemplo a Vale, que há 12 meses era uma empresa “praticamente quebrada”, sob a ótica do mercado, com a ação valendo R$ 7,xx e agora, depois de uma rentabilidade de mais de 300%, volta a ser considerada “a jóia da coroa” do mercado.


Investimentos em Renda Fixa


A composição dos investimentos em Renda Fixa é a seguinte:

- Previdência Privada Empresarial**: 39,6% (60% em 2015)
- Tesouro SELIC (LFT): 29,4% (27,4% em 2015)
- Tesouro IPCA+ 19 e 35 (NTNB-Principal): 27,9% (12,6% em 2015)
- Tesouro Prefixado com Juros 27 (NTNF): 3,1% (0% em 2015)

**Eu sei que previdência privada não é o melhor investimento do mundo, mas a minha previdência é do tipo patrocinada pela empresa em que trabalho, onde eu deposito um percentual da minha renda e a empresa deposita outro tanto. Não posso sacar nada deste valor enquanto trabalhar na empresa. Devido ao longo periodo de trabalho na empresa, eu já tenho direito ao valor que é depositado pela empresa.

Sobre a estratégia, segui aportando fortemente no tesouro direto em 2016. Nesta categoria (TD), busco balancear 50% da carteira em títulos prefixados e os outros 50% em títulos pós-fixados. Destaco a entrada que fiz em títulos prefixados (NTNF) em fevereiro de 2016, que na época estava pagando 15,94%. Este título teve rentabilidade nos últimos 12 meses de cerca de 32%.

Neste momento estou com um pouco de cautela, pois por um lado os juros futuros despencaram e os títulos prefixados se valorizaram. Por outro lado, com a perspectiva de queda da SELIC, os títulos pós-fixados tendem a ter uma rentabilidade real baixa no médio prazo, o que não deixa muito espaço para onde correr. Em termos de estratégia devo seguir com os mesmo 50/50 em pré e pós.

Investimentos em Moeda Estrangeira

Como eu já citei aqui no blog, mantenho parte dos meus investimentos em moeda estrangeira. Os investimentos nesta categoria são feitos através de remessas legais para conta nos EUA, conforme explicado aqui. A manutenção deste valor “parado” em US$ nesta conta tem o objetivo de manter parte do patrimônio em moeda forte, por segurança, e também visando minimizar a volatilidade dos gastos no exterior durante as viagens. Atualmente tenho 3,7% do capital em moeda estrangeira (eram 5% em 2015). A diminuição proporcional é explicada em partes pela queda do valor do dólar nos últimos 12 meses e também por gastos realizados em viagens ao exterior no final do ano passado.

Avaliação do cumprimento de objetivos estabelecidos para 2016

No início de 2016, estabeleci os seguintes objetivos para o ano. Abaixo a avaliação de cada um deles:

1) Crescimento do patrimônio: de 15% a 20% -
Atingido (19%)
2) Crescimento do capital deve ser alto (mais de 50%) –
Atingido (+55,5%)
3) Rentabilidade em Renda Variável foi estabelecido em 3 etapas:
3.1) Ganhar do Ibovespa em qualquer circunstância – Não Atingido (Carteira 16,5% X 38,8% Ibovespa)
3.2) Atingir 4% a.a. de rentabilidade real para o ano –
Atingido (Carteira 16,5% X IPCA 6,29%). O resultado superou também a CDI (117% do CDI)
 3.3) Alcançar IPCA na rentabilidade histórica –
Não Atingido (rentabilidade histórica da carteira está em praticamente 0,3% a.a)

Conclusão

Com respeito ao patrimônio em geral e meus investimentos, eu entendo que o ano de 2016 foi extremamente positivo, com praticamente todos os objetivos alcançados. A rentabilidade especificamente da renda variável foi boa, mas como já destacado no post de fechamento do ano, muito abaixo do Ibovespa.

Em termos de estratégia de investimento, não vejo necessidade de grandes mudanças, desta forma uma parte maior deve continuar a ser alocada em renda fixa, assim como os aportes periódicos em renda variável. Nestes 5 anos de bolsa de valores, consegui acumular uma boa experiência que me deixa bastante confortável com a estratégia de alocação de ativos atual (Buy & Hold “passivo”).

A carteira continua com 15 empresas, todas com horizonte de investimento de longo prazo. Algumas ainda apresentam resultados pouco satisfatórios em função do péssimo ano de 2016 para muitos setores, por outro lado a perspectiva é de melhoras em 2017 e 2018. Nestes casos, cabe uma observação mais próxima para identificar se as perspectivas de longo prazo de cada empresa permanecem as mesmas.

Importante: 
Este material tem propósito meramente informativo e educativo. Não consiste em recomendação financeira ou estratégica para investimentos. Para saber mais sobre as opções de investimento e receber recomendações, procure uma instituição financeira com profissionais habilitados.


15 comentários:

  1. Ei,

    Post interessante ... não tinha visto o post da conta nos eua ... bacana ..

    Abs,

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  2. Excelente report E.I.!
    Sobre a moeda estrangeira, qual a conduta neste ano? Comprar mais? Pouco tempo atrás você dizia que estava comprando dólar todo mês, ele estava na região dos 3,6 na época, agora pretende continuar as compras mensais? Acredita que estamos em um ponto interessante para fazer um aporte mais pesado? Estes dias comprei um contrato de dólar futuro, equivale dizer que tenho 30.000 em dólar, estou pensando em dobrar a posição.
    Abraço!

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    1. Uó,

      Sobre o dólar, sigo fazendo transferências quase todos os meses, assim como fiz no ano passado. Não pretendo fazer aporte mais pesado, pois meu objetivo é justamente fazer preço médio. No dia que eu comprar US$ 10K de uma vez a cotação vai cair para R$ 2,50 no dia seguinte .... prefiro não correr este risco.

      Sobre cambio, honestamente não acredito que haja isso de ponto interessante de entrada ou saída, pois tudo pode acontecer no dia seguinte. Depende também de quando vai precisar do dinheiro em US$ ou se o objetivo é só proteção mesmo. Não vejo a moeda estrangeira como oportunidade de rentabilizar o capital, pois isso é mais especulação que outra coisa. Vejo apenas como proteção mesmo.

      Abraços

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  3. Grande EI,

    Muito bom o seu controle, fico feliz em ver que o seu patrimônio está evoluindo a passos largos, meus parabéns!

    Não vai fazer companhia para mim na NYSE?! ;)

    Abraços!

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    1. Olá IL, na verdade o patrimônio vem crescendo assim há pelo menos 10 anos, o que me deixa em uma situação boa, até certo ponto.
      Espero continuar assim.
      Sobre NYSE, não me vejo me metendo com isso no medio prazo. Mais provavel seria aquele ETF que compra aqui que reflete a S&P500 e variação cambial.

      Fico pensando se vale a pena entrar em ações nos EUA e qual seria a complexidade donponto de vista tributário. Vamos ver, quem sabe no futuro.

      Abraços

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    2. EI,

      Entendi.

      De toda forma, eu estou feliz da vida em saber que agora uma parcela do meu capital está seguro, lá nos EUA, rsrs.

      Mudando de assunto, quero uma opinião sua sobre um assunto. Posso enviar um e-mail para você a respeito?

      Abraços!

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    3. IL, claro, pode me mandar email quando quiser.
      Abraços

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    4. EI,

      Beleza!

      Envio para você assim que possível.

      Abraços.

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  4. Grande EI,

    Estou sentindo falta das suas postagens sobre carreira, me ajudam muito rs.

    Fico feliz em ver o patrimonio crescendo, lembro de sua postagem que dizia da sua vontade de realizar lucro, em 2016 no inicio talvez a vontade tenha sido realizar prejuizo, desta forma podemos constatar que preço nao deve ser analisado e sim fundamentos, pois voce teria vendido na baixa e recomprado na alta, e vendendo pra realizar lucro perderia a maior parte da valorizacao.

    Um abraço

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    1. VDC, tenho o maior prazer de trocar ideias sobre carreira. Quando quiser podemos fazer um bate papo. Para fazer postagem sobre o assunto eu estou meio sem tempo de ficar elaborando muito o texto.

      Meu momento profissional está bem conturbado. Estou passando por uma sequência de fusões, mudanças de chefes e mudanças de estrutura. No final posso ser demitido, mudar de função ou ser promovido. Resumindo, não tenho ideia do que vai acontecer nos próximos meses. Pura diversão. Fico ansioso, obviamente, mas nada que me tire o sono.

      Sobre realizar lucro ou prejuízo, concordo com você e acho que devemos ter muito critério antes de uma tomada de decisão assim evitamos decisões precipitadas em função da percepção geral. É isso que gosto do Buy and Hold.

      Abraços

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  5. Excelente balanço e excelente crescimento anual!!!

    Abraço,
    PD7

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