Meus investimentos em Julho de 2020

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Passando para registrar o resultado da carteira Economicamente Incorreto no mês de Julho de 2020. Considerando que meu último fechamento mensal registrado aqui foi em Outubro de 2019, vou aproveitar e fazer alguns comentários sobre o que aconteceu nos últimos 9 meses.

fonte: Google
Fonte: Google

O primeiro semestre de 2020 teve um dos piores períodos de queda da história da bolsa brasileira (demonstrado pelo gráfico acima do Ibovespa), em que a bolsa chegou a cair por volta de 40% desde a máxima em meados de janeiro. Em um curto período (março) nós tivemos vários Circuit Breakers (mecanismo de segurança que paralisa as negociações na bolsa após quedas acima de 10% no dia), porém as coisas voltaram ao nível razoável após um período de recuperação de cerca de 120 dias.

Tudo isso aconteceu devido a grande incerteza global sobre os impactos econômicos da Pandemia da COVID-19 (doença causada pelo Novo Coronavírus), somado à forma absolutamente desorganizada como o Brasil vem conduzindo o problema da pandemia, sobretudo pelo negacionismo que parte do presidente Bolsonaro (e sua rede bolsonarista), o que leva a discussão para o lado político-ideológico, deixando de lado questões científicas e de saúde.

Como comentei no meu último post, a sonhada Independência Financeira (teórica) foi alcançada no final de 2019, em que a soma de todos os meus investimentos podem me gerar uma renda passiva que permita a minha família sobreviver, mantendo o padrão de vida, com taxas de retirada da ordem de 4% ao ano. 

A brusca queda na bolsa em março causou um grande impacto sobre o meu capital investido, já que mais de 20% dos meus investimentos estão em ativos de renda variável, mas como mantive a calma, continuei aportando e tive frieza para manter os investimentos, o patamar atual é suficiente para manter a IF. 

Atualmente a carteira está dividida da seguinte maneira:

 


Sem mudanças em termos de estratégia, vamos aos números:

Renda Variável

Alocação em ações* 
Rentabilidade em Julho/20: 
+10,00% (Ibovespa +8,27%)
Acumulado no Ano de 2020: -2,99% (Ibovespa -11,01%)

*Tenho também alocação em renda fixa e no exterior, mas a carteira com a rentabilidade gerenciada e compartilhada aqui no blog é apenas a carteira de ações, uma vez que o propósito principal do blog é o estudo de investimento no mercado de ações.



Como pode ser visto acima, a carteira vem conseguindo bater o Ibovespa com certa frequência. Durante a queda do mercado na pandemia (Fevereiro e Março), a carteira caiu menos que o índice. Já nos meses de recuperação tem acompanhado e até batido o índice, o que levou a uma diferença significativa no acumulado do ano (quase 8 p.p.)

Renda Fixa

Sigo mantendo uma parte significativa do meu capital em renda fixa, tentando manter uma proporção 50/50 entre títulos pré-fixados e pós-fixados. Veja abaixo a distribuição atual:

NTN-B Principal 2035: 24,7% (objetivo -> 25%)
NTN-B Principal 2024: 26,6% (objetivo -> 22%)
LFT (Selic): 45,8% (objetivo -> 50%)
NTN-F Juros Semestrais: 2,9% (objetivo -> 3%)

Com a queda na taxa Selic, chega a ser desanimador pensar na rentabilidade da renda fixa, porém não tenho visto muitas opções de investimento que ofereçam a relação rentabilidade e segurança/risco esperada para a Renda Fixa. A sensação de estar perdendo dinheiro (rendimento abaixo da inflação(, sobretudo no Tesouro Selic, é ruim, e estou com bastante dúvida sobre o que fazer nos próximos meses. Por outro lado, estas aplicações me deram a segurança de que boa parte do meu patrimônio estava "protegida" durante os piores momentos do mercado no início do ano, com baixo risco, o que me faz pensar em manter uma parte significativa disponível para o caso de uma queda sistemática do mercado nos próximos anos (tentando seguir o Warren Buffett aqui, rsrs, que está com MUITO dinheiro em caixa para aquisições no futuro).

Investimentos no Exterior

Com o aumento da taxa de câmbio acima de R$ 5,00, não tenho feito novas remessas ao exterior desde o início do ano. Curiosamente, durante a queda do mercado em Março, minha carteira sofreu uma grande queda em dólares, mas com a alta na taxa de cambio, o patrimônio em Reais chegou a subir. No momento, a carteira no exterior já recuperou o patrimônio em dólares e ainda está cerca de 25% maior em Reais.

Segue a composição da carteira:

ETF

Allocation

ETF Description

Target

LON:LQDA

37,8%

LQDA Corporate Bonds in US Dollars

40%

LON:IWDA

12,4%

IWDA Global 23 developed countries

12%

LON:IWMO

13,5%

IWMO World Momentum

12%

LON:MVOL

11,4%

MVOL Developed Low Volatility

12%

LON:EIMI

12,3%

EIMI Emerging Markets

12%

LON:IWQU

12,6%

IWQU World Quality

12%


Conclusão

Em termos de estratégia não houve mudança significativa com respeito a minha carteira de investimentos. Considerando o tombo que houve no mercado devido a pandemia, posso dizer que a carteira permaneceu relativamente sob controle e conseguiu passar pela tempestade sem muitos estragos.

Não é uma conclusão nova, mas de fato, manter investimentos em moeda fraca é um risco enorme, de modo que mesmo o patrimônio crescendo muito em Reais nos últimos anos, o crescimento em dólares não acontece no mesmo ritmo e com isso a sensação é de não estar acumulando patrimônio de verdade.

Outro ponto relevante é que a estratégia de IF foi estipulada com uma TSR (Taxa Segura de Retirada) de 4% ao ano, levando em consideração de maneira conservadora que o histórico de juros altos no país permitiriam, com relativa facilidade, obter uma rentabilidade real de 4% a.a. (descontada a inflação, impostos e outros custos). Diante de cenários atuais com perspectivas de juros mais baixos para o futuro, tenho pensado bastante em uma forma de calcular uma TSR conservadora para a nova realidade brasileira. É possível que 4% ainda seja viável, afinal esta métrica de 4% foi estabelecida em economias com taxas de juros (e inflação) menores que as do Brasil, mas como sou conservador, me incomoda imaginar que existe um risco, mesmo que pequeno de faltar capital no final da jornada de aposentadoria, ou ter que mudar o padrão de vida para me adequar a uma nova realidade. Sigo acumulando patrimônio, o que minimiza o risco, já que a Taxa de retirada será menor que 4%, mas ainda preciso de mais estudos para chegar a uma conclusão sobre isso. Se alguém tiver dicas de estudos ou materiais sobre o assunto eu agradeço. Fico à disposição também para debater o assunto nos comentários.


Importante:
Este material tem propósito meramente informativo. Não consiste em recomendação financeira ou estratégica para investimentos. Para saber mais sobre as opções de investimento e receber recomendações, procure uma instituição financeira com profissionais habilitados.

2 comentários

  1. Olá IE! Belo fechamento! E nosso real aqui é complicado hein, dolarizar-se é algo essencial ao longo prazo mesmo... Abs

    ResponderExcluir
  2. Olá ONE, seja bem-vindo.
    Exatamente, hoje estou com 10% do meu capital em dólar e o sentimento é duplo: "Ainda bem que tenho uma parte dolarizada" e "Que pena que não consegui dolarizar mais!".
    Com isso decidi que vou continuar aumentando a minha exposição ao dólar, aportando um pouquinho todo mês independentemente da cotação. Diminuirei o tamanho dos aportes e aumentarei a frequência.
    Abraços

    ResponderExcluir

 

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